quinta-feira, 10 de setembro de 2009

JUVENTUDE:

JUVENTUDE: UMA BREVE APROXIMAÇÃO CONCEITUAL DO TEMA
Antônio Carlos Gomes da Costa1 "Conceituar juventude não é uma tarefa fácil. É vasta a bibliografia já produzida em torno desse tema. Ter presente essa complexidade, no entanto, é fundamental para evitar equívocos no uso desse conceito, principalmente, quando se trata da formulação e da implementação de políticas públicas dirigidas a esse segmento da população. O desafio se torna ainda maior, quando pretendemos nos dirigir aos jovens não apenas como objeto de estudo, mas também e, fundamentalmente, como um parceiro numa atuação conjunta sobre a nossa realidade. Nessa tarefa, algumas dificuldades devem ser levadas em conta: O conceito de juventude varia conforme o interesse específico de quem o maneja. São distintas, por exemplo, as motivações de um cientista político, de um educador, de um médico e de um publicitário. O contexto econômico, social, histórico e cultural é outro fator de variabilidade do conceito. Daí a necessidade de se localizar e datar os jovens dos quais, a cada momento e em cada circunstância estamos falando. Além disso, há que se ter em conta a conceituação que fazem os próprios jovens, em contraposição àquelas dos agentes sociais interessados em conhecer e atuar em sua realidade, como tema ou como problema. Assim, temos a juventude como objeto de análise de distintas ciências. A demografia preocupada em desvelar seu peso no conjunto da população; a medicina interessada nos aspectos relacionados à sexualidade e à reprodução; a psicologia, dedicada a compreender os comportamentos de transição entre a infância e a idade adulta; a sociologia, voltada para o entendimento da atuação dos jovens nas dinâmicas que se dão em diversas esferas do cotidiano social. A maior parte das definições de juventude tem a preocupação mais voltada para a delimitação do fenômeno, do que para explicitação das dinâmicas que ocorrem nos limites estabelecidos. ``AA. Bem ilustrativo dessa tendência é o enfoque das Nações Unidas, que define juventude pela idade do indivíduo. Segundo esse critério cronológico, jovem é a pessoa que esteja na faixa etária compreendida entre 15 e 24 anos. Essa definição, útil do ponto de vista demográfico, é complicada do ponto de vista jurídico, pois compreende pessoas que estão na menoridade e na maioridade, portanto detentoras de status legal inteiramente distintos. A definição clássica de juventude como trânsito entre a infância e a idade adulta, por sua vez, parece preocupar-se mais com o que a juventude não é (infância e idade adulta) do que com aquilo que ela realmente é.
1- Fundação Odebrecht Protagonismo JuveniL – Adolescência, Educação e Participação Democrática – Antônio Carlos Gomes da Costa. Modua Faciendi. Publicações e serviços. Belo Horizonte – MG 1996
O processo de construção da identidade é outra dimensão fundamental quando se quer compreender o que seja a juventude. Este processo compreende o duplo movimento de: Por um lado, o jovem assumir suas capacidades, limitações e potencialidades; Por outro lado, atender às expectativas da família, da escola, do trabalho e dos demais agentes sociais presentes em sua realidade.
Numa sociedade de massas, o mercado de consumo e os meios de comunicação social são dois fatores determinantes na formação da identidade juvenil. Nessa perspectiva, a juventude é, a um tempo, consumidor e produto. Inserir-se no mercado de consumo, apropriar-se das mensagens da comunicação, pode ser um fator positivo de afirmação e consolidação ou converte-se num processo de alienação e desenraizamento dos jovens em relação ao contexto social mais amplo.
Ser jovem tem sido até hoje o usufruto de um status incompleto, caracterizado por um período de formação, compreendido entre a puberdade e o exercício dos papéis reservados aos adultos.
Efetivamente, há muito ainda que aprender a respeito dos jovens e com eles próprios para certamente jamais se chegar a uma definição fechada de juventude. Na verdade, estamos diante de um fenômeno inteiramente aberto, em interação construtiva e destrutiva constante com o universo sociocultural onde se encontra inserido, numa permanente relação de amor-ódio, continuidade-ruptura e muitos outros paradoxos próprios dessa fase da existência, que, para nós adultos, segue e seguirá sempre sendo uma realidade, ao mesmo tempo, estranha e familia

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